MEDICINA REGENERATIVA : VESÍCULAS Extracelulares e exossomos

Vesículas extracelulares (VEs) são entidades vesiculares com membranas de bicamada lipídica. Eles foram inicialmente definidos como “pó de plaquetas” em 1967. A intensa pesquisa sobre VEs no último meio século permitiu uma compreensão profunda da origem e da função biológica dos VEs e posicionou os VEs na linha de frente do tratamento de diversas doenças.

Os EVs existem em todos os fluidos corporais e são produzidos por todos os tipos de células. Vesículas menores, conhecidas como “exossomos”(EXs), são liberadas das células através da via endossomal multivesicular. Vesículas maiores, conhecidas como “microvesículas” (MVs), são formadas pelo brotamento da membrana celular e corpos apoptóticos são produzidos pela formação de bolhas de células envelhecidas ou moribundas. Os corpos apoptóticos foram estudados com menos frequência. Os EVs podem mediar a degradação dos resíduos celulares e interagir com as células receptoras através da ligação ao receptor de superfície, captação endossomal, fusão de membrana, translocação de proteínas de membrana e transporte de RNAs e proteínas através de canais de células vesiculares.

EVs foi demonstrado que eles exercem efeitos fisiopatológicos/regenerativos semelhantes nas funções teciduais e celulares quando aplicados a modelos animais experimentais. As células-tronco são as células produtoras de EV mais comuns. As células-tronco podem ser isoladas com sucesso da medula óssea, gordura, cordões umbilicais, embriões e outros tecidos. As células-tronco podem se diferenciar em muitos tipos de células e podem substituir tecidos lesionados e cumprir o processo de reparo através do mecanismo parácrino no local da lesão. As células-tronco têm sido utilizadas com sucesso no tratamento de malignidades hematológicas, doença do enxerto contra hospedeiro, trombocitopenia aguda e doenças autoimunes em vários estudos experimentais in vivo. No entanto, a produção em larga escala, o armazenamento, a rejeição imunitária, a mutação genética e a tumorigênese ou promoção tumoral in vivo limitam a sua aplicação. EVs derivados de células-tronco (SC-EVs), como principal executor parácrino, superam a maioria das limitações das aplicações de células-tronco. Os SC-EVs permitiram grandes avanços em estudos pré-clínicos ou clínicos.

Nota do editor: Essa introdução mostra todo imenso potencial desses novos conhecimentos como terapêuticas para muitas situações que hoje não se tem muito o que fazer. O organismo após uma agressão de qualquer natureza desenvolve a resposta inflamatória de defesa e em seguida um processo regenerativo dos tecidos lesados. A regeneração pode ser com multiplicação de células normais do tecido lesado, mantendo função, ou para uma fibrose não funcional. Quem desenvolve tecido fibrótico fica sem função adequada no tecido destruído e a medicina regenerativa pode atuar nessa situação. Em paralelo, muita pesquisa e conhecimentos foram desenvolvidos nos últimos tempos, mas existe cuidados a serem tomados nas aplicações de células troco na prática em função dos riscos. Os conhecimentos sobre os exócomos e micro vesículas, aparentemente com menos efeitos colaterais, são muito animadores.

Avanços terapêuticos do uso de vesículas extracelulares derivadas de células-tronco.
Cells , March 2020 ; 9 (3) : 707

Prof. Dr. Evandro Roberto Baldacci
08/04/2024

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